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Foto do escritorVerônica Spnela de Sousa

A tintura de urucum



O urucum é uma planta nativa do Brasil, de clima tropical, presente em diversas regiões do país. Seu fruto é composto de uma cápsula revestida de espinhos flexíveis, que contém uma série de sementes (pericarpo) em seu interior.

Além do seu uso culinário, em forma de coloral, também é usado na medicina tradicional, na cerâmica, como protetor solar e repelente natural.

De poder colorante intenso, o urucum também tem seu papel na pintura corporal dentre os indígenas. Para elaborar a tinta, neste caso, os caroços avermelhados são removidos da casca, moídos, ralados ou triturados, e torrados. É ali, na parte externa da semente, que se encontra a maior parte do corante. Em seguida, adiciona-se óleo de pequi para fazer uma pasta avermelhada que pode ser passada sobre a pele. A cor não é muito resistente, permanecendo no corpo durante um ou dois dias.


Os índios Xavantes colhem o urucum nos meses de maio e junho, ralam as sementes e as fervem em água para formar a pasta. Desta faz-se bolas que são envolvidas em folhas, guardadas para uso durante todo o ano.


De modo caseiro e citando a tradição, podemos fazer uma tintura a partir do urucum de modo bastante simples, utilizando a cor presente no exterior dos caroços, sem necessidade da torra, e um aglutinante oleoso ou a base de água.




A receita é simples. Abra a casca do urucum e recolha os caroços, separando-os da película que os aderem à casca. Transfira os caroços avermelhados para um contêiner limpo e adicione o aglutinante que interessar ao seu uso: óleo de pequi para pintura corporal, de linhaça para uma veladura sobre tela, goma arábica e mel para uma aguada, como a aquarela. Faça testes de modo a experimentar o poder de cobertura do material. De modo geral, a tinta ficará bastante transparente, uma vez que é necessária uma quantidade bastante grande de urucum para garantir opacidade. Use esta qualidade em seu favor e experimente uma veladura sobre uma pintura já pronta, por exemplo. Observe a impressão de envelhecimento da imagem ou de aquecimento da atmosfera pintada.





A receita que se encontra nos registros fotográficos usa óleo de linhaça, sobre papel de algodão. Observe a tonalidade dourada que se obtém.


É importante compreender que no urucum encontramos um corante e não um pigmento. Este corante orgânico é solúvel em soluções aquosas e está sujeito à degradações com bastante facilidade. Com o aumento da temperatura, as cores tendem a se aproximar do amarelo e se distanciar do vermelho. A literatura menciona a coloração esverdeada, inclusive, no caso de temperaturas a partir de 140ºC. Da mesma forma, é desaconselhada a exposição da tintura à iluminação, uma vez que ela também transmite energia ao material e tende a efetuar quebras em suas ligações moleculares em exposições prolongadas.



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Bibliografia:



BERMOND, Jhon. Apostila Intuitiva de Pigmentos Naturais. Arte da Terra, 2016.


FABRI, Eliane Gomes. Urucum: fonte de corantes naturais. 2015.


FERREIRA, Vera Lúcia Pupo. Cinética da degradação da cor de solução hidrossolúvel comercial de urucum, submetida a tratamentos térmicos. Food Science and Technology, 1999.


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