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Pigmentos na Arte:
História e Aspectos Materiais

O curso “Pigmentos na Arte: História e Aspectos Materiais” está voltado à formação complementar de artistas plásticos, historiadores da Arte, conservadores-restauradores e demais interessados.

 

O objetivo é destrinchar a origem de alguns pigmentos inorgânicos utilizados na produção artística (tintas à óleo, acrílicas, aquarelas e guaches), sua composição química e processos de obtenção, bem como os cuidados relativos ao manuseio e à preservação destes materiais.

 

O programa de aulas está dividido em dois momentos: a Introdução, onde serão apresentados aspectos gerais, propriedades e uma breve cronologia dos pigmentos, e um ciclo seguinte referente a uma seleção de pigmentos de maior interesse, a serem destrinchados mais pontualmente.

Matéria de Cor

 A cor é um elemento que aparece em diversas ciências: na psicologia, na fisiologia, na física, na química. Nas artes visuais, dos campos mais frutíferos da cor, ela se apresenta em duas facetas. Um deles é o aspecto subjetivo, da atribuição de significado por parte do artista, da correspondência das cores para conferência de realismo àquilo que é representado. O outro o aspecto material, da tinta, do pigmento e do corante. Fica manifesto que a atribuição de simbologia e realismo na técnica do artista é dependente sobretudo da disponibilidade dos materiais de determinadas cores, as quais nem sempre estiveram a serviço dos artistas em suas épocas.

 

Com esse olhar, podemos construir e vislumbrar uma História da Arte através dos materiais artísticos, distinta e ao mesmo tempo reveladora da História da Arte convencional, que apresenta um trajeto por meio das biografias de grandes gênios da pintura, das galerias, comissões reais e movimentos artísticos. No caminho do uso das cores estão as religiões (algumas delas não permitiam a mistura de duas ou mais cores, uma vez que cada uma delas possuía um significado), a disponibilidade geográfica (além da dificuldade de obtenção e desconhecimento, havia a questão do transporte, do comércio, relações políticas) e o valor atribuído aos materiais. Alguns pigmentos chegaram a ser mais caros que o próprio ouro, tal a raridade e cobiça na qual estavam envoltos. Perpassam igualmente os encontros sempre brilhantes entre Arte e Alquimia: as descobertas nos boticários, os aperfeiçoamentos das tecnologias de separação, purificação e mineração, o desenvolvimento da química orgânica em fins do século XIX.

O que são pigmentos?


São materiais coloridos em pó, insolúveis, advindos principalmente de minerais. Eles compõem a maior parte de uma tinta e necessitam de um aglutinante para serem aderidos a telas e outras superfícies. Eles se diferem dos corantes pois estes últimos são solúveis, formando ligações químicas com o meio em que estão dispersos. Por esta característica, são usados no tingimento de roupas e alimentos, por exemplo. Os pigmentos são usados principalmente em tintas de finalidade artística, mas aparecem também em maquiagens e tintas automotivas e para paredes.


Por que conhecer pigmentos?


Dos 8 anos de prática na moagem de minérios, produção de tintas e colas animais que precedia o trabalho de um pintor nas guildas medievais, passamos à compra de tintas em bexigas de porcos nos apotecários e hoje dependemos da confiança em empresas que se responsabilizam por todo o processamento dos materiais artísticos. Ou seja, a produção de pigmentos e tintas sai gradualmente das mãos dos pintores e passa integralmente para as indústrias, nos deixando apartados do controle da origem, proporção e pureza, aspectos determinantes para a qualidade de uma tinta. Reconhecer os materiais e suas qualidades garante que possamos manter uma exigência perante as empresas e o mercado, sabendo exigir e avaliar o que é ofertado. É também um critério de ética com clientes de pintores e restauradores, por exemplo, que devem fornecer um trabalho durável, que não sofra alterações radicais com a exposição à iluminação e umidade. No campo científico e forense, o reconhecimento dos materiais é fundamental à perícia e à atribuição de autoria de uma obra, podendo indicar uma falsificação.
O pigmento branco de titânio é um exemplo: descoberto e comercializado apenas a partir do século XX, sua presença em uma obra datada, a princípio, do século XV é incoerente. O fato poderia indicar um restauro posterior ou ser indício de uma pintura forjada.

Programa do Curso

Aula 1 - Introdução

 

O encontro de abertura tem por objetivo instaurar conceitos básicos, fundamentais à compreensão das demais proposições apresentadas no curso. As discussões partem da natureza dos pigmentos, suas categorias, distinções com relação aos corantes, passando por instruções para leitura crítica dos dados fornecidos pelos fabricantes e questões ligadas à toxicologia destes materiais.

- O que são pigmentos;

- Diferenças entre corantes, pigmentos e lacas;

- Categorias de pigmentos;

- A sistematização das cores: o Colour Index;

- Grupos cromóforos: moléculas responsáveis pela absorção de luz e consequente geração da sensação de cor;

- Toxicidade de pigmentos;

- Leitura de informações técnicas em rótulos e embalagens.

Aula 2 - Pigmentos azuis e verdes


As cores menos abundantes na paleta dos artistas são também as mais raras na natureza e de difícil obtenção. A trajetória e as peculiaridades do azul mais cobiçado da História da Arte, da maquiagem de Cleópatra à fixação de Yves Klein, os verdes fugidios e o venenoso papel de parede de Napoleão.


- Composição química, modo de obtenção da matéria prima e preparo;
- Proveniência geográfica e histórico de uso;
- Estabilidade química (permanência sob radiação luminosa, variações de temperatura e pH e compatibilidade com outros pigmentos);
- Toxicidade;
- O surgimento dos azuis na paleta do artista - Azul do Egito;
- O verde no Império Egípcio, nos séculos XV, XVI e XVII;
- A sintetização de pigmentos artificiais;
- Ocorrências notáveis na História da Arte

Aula 3 - Pigmentos vermelhos e amarelos


Em algumas línguas, a palavra "vermelho" era a mesma utilizada para “cor”. O Vermelhão, obtido através do cinábrio, viu seu apogeu e declínio de maneira tão acelerada quanto a efemeridade de sua cor, assim como o Amarelo de Cádmio, cuja degradação culminou em alterações irreversíveis nas obras de Vincent Van Gogh e
Henri Matisse.


- Composição química, modo de obtenção da matéria prima e preparo;
- Proveniência geográfica e histórico de uso;
- Estabilidade química (permanência sob radiação luminosa, variações de temperatura e pH e compatibilidade com outros pigmentos);
- Toxicidade do cinábrio e do cádmio;
- Terminologia obsoleta e sinônimos do vermelhão na literatura;
- Substituição e sofisticação do composto;
- Os vermelhos: de Cádmio, de Cromo, de Chumbo, Vermelhão e Ocre;
- Os amarelos: o Realgar, Auripigmento e Litargírio, da Índia, Cádmio e Cromo;
- Ocorrências notáveis na História da Arte.

Aula 4 - Pigmentos brancos e pretos


O equilíbrio perfeito, o grande contraste, o branco e o preto. As cores absolutas da paleta do artista em toda História da Arte fornecem ou absorvem a luz na pintura. De pouca variedade, os brancos e pretos mantêm-se praticamente os mesmos ao longo do tempo, mas as inovações representam pontos de virada no mercado de
materiais artísticos e no emprego de cores pelos artistas.


- Composição química e modo de obtenção da matéria prima e preparo;
- Proveniência geográfica e histórico de uso;
- Estabilidade química (permanência sob radiação luminosa, variações de temperatura e pH e compatibilidade com outros pigmentos);
- Toxicidade;
- Simbologia;
- Paul Gauguin: “Nada é preto, nada é cinza”. A polêmica do uso de tons pretos
absolutos na pintura.
- O substituto do Branco de Chumbo: uso industrial do Branco de Titânio;
- Os brancos: de Zinco, de Titânio, de Chumbo, Calcita.
- Os negros: de Fumo, de Osso, de Manganês, de Carvão, de Marfim.
- Ocorrências notáveis na História da Arte.

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