A caneta esferográfica recebe esse nome por conta de seu mecanismo de deposição de tinta sobre a superfície do papel: uma esfera gira e carrega a tinta do interior do reservatório para o exterior do tubo, em uma fina e contínua camada. Sua tinta é composta geralmente de um corante ou pigmento, um veículo (solvente de rápida secagem, como a água) e uma ou várias resinas que contribuem para as propriedades da tinta, como viscosidade e adesão ao papel. Além destes, outros componentes são adicionados em menores proporções, para modificar certas propriedades das tintas, os quais geralmente são mantidos em segredo pela indústria.
Nos anos 70, a Agência de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) dos Estados Unidos, implementou o uso um marcador químico para cada empresa, que não está mais em uso devido ao alto custo. Apesar disso, as empresas adicionam ao menos dois marcadores químicos, sendo que um deles é imutável e o outro varia anualmente. Estes marcadores poderiam indicar a data de produção do material, caso fosse possível conhecer as relações entre as marcas e os respectivos marcadores químicos. Além destas pistas que a composição das tintas pode trazer, há outras informações que revelam a procedência do material: a presença do glicol como solvente a partir do ano de 1950 e a introdução da ftalocianina de cobre como corante em tintas azuis no ano de 1950.
Para compreender estes marcos, é relevante ter em vista o histórico desta ferramenta. A patente da primeira caneta esferográfica é de John Loud, no ano de 1888. Esta primeira tentativa de executar a ideia da ferramenta não é completamente bem sucedida por conta da formulação da tinta, cuja textura e densidade não era compatível ao funcionamento do instrumento. O ideal é que fosse liberada sobre o papel sem grumos ou escorrimento. Cerca de 50 anos mais tarde, em 1937, László Biró (revisor tipográfico) e György Biró (químico), inspiram-se na formulação das tintas de impressão tipográfica da época, mais densa e de rápida secagem, e criam uma composição mais acertada para a tinta. Iniciam uma produção e 1943 e vendem a patente para diversos empresários, entre eles Marcel Bich, responsável por disseminar o uso da caneta em razão do barateamento da produção. Em 1946 a caneta esferográfica custava ao consumidor aproximadamente 10 dólares. Em 1959, Bich apresenta a Bic Cristal aos Estados Unidos da América por cerca de US$0,19 a unidade, popularizando definitivamente a ferramenta de escrita.
No Brasil, a caneta passou a ser importada em fins da década de 1940, pela Galeria das Canetas, em São Paulo. Em 1954 a Pilot Pen do Brasil e a Cia de Canetas Compactor iniciam uma produção no país. Dois anos mais tarde, a empresa BIC também iniciou suas atividades.
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Bibliografia
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LEAL, João F. Tinta para escrever. Revista Eletrônica Documento Monumento. Universidade Federal de Mato Grosso, Núcleo de Documentação e Informação Histórica Regional. Vol. 02, nº01, Outubro 2010.
MALDOVA, Gyoergy. Ballpoint: A tale of genius and grit, perilous times, and the invention that changed the way we write. New Europe Books, 2012.
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